Hoje se completam quatro semanas de primavera.
Enquanto todos dormem, sentada à escrivaninha, vejo a silhueta do pé de manga vizinho recortada contra o céu das vinte e três. A porta da sacada está aberta e por ela a frescura da noite vem aliviar o sangue quente de mormaço. Ouço a chuva encontrar serena o telhado e as folhas grossas da mangueira. O cheiro é de terra, asfalto e sabonete - uma mistura tão confortável que prontamente fecho os olhos e me deixo levar pela memória da criança cujo mundo repousava silente no colo materno.
E, só por um instante, está tudo bem.
Moments of clarity are so rare
I better document this